terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O instinto que desenvolve o homem


No mundo animal cada ser tem um “dom” especial, a lebre com a sua agilidade, os leões com a sua força, coragem e liderança, e os golfinhos com a sua astúcia. Com o ser humano não poderia ser diferente. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a inteligência não é o maior “dom” do homem. É claro que nos ajuda muito, mas nós não seríamos nada sem a nossa curiosidade. Sem ela, não descobriríamos como dominar o fogo nem procuraríamos entender a natureza.
Todos nós nascemos com este instinto, e é só lembrarmos que todas as crianças passam pela fase dos “por quês”, mas somos reprimidos com respostas grossas que nos deixam traumas e nos impossibilitam de aprimorarmos nossos conhecimentos. Seria mais interessante, para o desenvolvimento da sociedade, que, quando nossos filhos nos perguntassem como eles tinham nascidos, ao invés de respondermos que foi uma cegonha que os trouxe, explicasse alguns passos para se conceber um filho, deixando claro que seja de um modo que a explicação se adapte à faixa etária, atiçando a nossa curiosidade para sempre irmos além. Essa repressão cria uma barreira que nos impossibilita de olhar através da janela que nos mostra o mundo, e não nos deixa suscetíveis a absolver qualquer coisa que nos é informada, criando, assim, um círculo vicioso de alienação que vem aumentando a cada dia que passa.
A alienação acomete a nossa mente de uma forma terrível: ataca a nossa vontade de conhecermos os assuntos e nos informarmos e faz com que o indivíduo se julgue auto-suficiente. Vejamos bem: à medida que um estudante vá se aprofundando em sua leitura, irá se deparar com as mais diversas situações. Um aluno do curso de licenciatura de História, por exemplo, ao estudar o desenvolvimento da religião desde épocas distantes, encontrará fatos referentes a mortes, maus-tratos e outros absurdos sobre a Igreja Católica. O aluno, então, tentará questionar-se sobre o porquê do ocorrido e sempre terá temas para discutir e expor, estimulando a questão para que outros que vierem pela frente façam o mesmo e um dia acabem com isso. O estudante de Geografia lamentará bastante saber que está imerso num sistema financeiro cruel e inescrupuloso, procurando novas formas de atenuar o monstro da ganância. Ambos criando uma situação estável no meio social, adquirindo uma visão realista da vida e percebendo que poucos são os momentos de felicidade plena que o homem tem. Enfim, trabalham para que terminem com situações que deixam a vida infeliz. Aquele que perdeu o senso da curiosidade, inerente ao homem desde o começo dos tempos, verá sua vida resumida a sua rotina, ao seu fim de semana com amigos após uma semana atribulada no trabalho ou com a família. Esse mesmo, alheio ao que há no mundo, tem uma vida muito mais feliz, em uma determinada concepção, porque não possui preocupações como as guerras do Oriente Médio ou as desgraças que varrem a África e seus únicos esforços concentram-se em pagar as contas, divertirem-se e copularem uns com os outros. Resumindo: futilidades.
Quem sabe, depois de você ter lido esse texto, não tenha se identificado com algum exemplo. Não que estejamos chamando você, leitor, de irresponsável e desatento para com a vida. Mas cada um de nós sabe que podíamos fazer sempre mais do que já dizemos fazer. Não se deixe levar pelas seduções baratas dos meios de comunicação. Se interesse, afinal, a vida está acontecendo a nossa volta e não podemos parar.

15 comentários:

  1. Concordo em tudo no texto.. Mas a parte “Seria mais interessante, para o desenvolvimento da sociedade, que, quando nossos filhos nos perguntassem como eles tinham nascidos, ao invés de respondermos que foi uma cegonha que os trouxe, explicasse alguns passos para se conceber um filho, deixando claro que seja de um modo que a explicação se adapte à faixa etária...” Huumm.. Ótimo ponto de vista, mas.. O que vc diria? Pois não consigo imaginar essa explicação..

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  2. Acho que nós devemos ensinar a nossos filhos desde pequenos, pois o cérebro humano foi feito para isso. O problema está que ao invés de os pais sentarem com seus filhos e conversarem desde pequenos os grandes pensamentos da vida, os deixam a sois com um vídeo game, fazendo com que seu cérebro atrofie por falta de pensamentos e quebra cabeças.

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  3. O texto foi iniciado com uma afirmação bem interessante, "a inteligência não é o maior “dom” do homem". Isto é verídico pois o ser humano é o único animal, denominado de racional, que consegue destruir o próprio meio em que vive.

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  4. É a partir desse tipo de pensamento que nunca podemos saber o limite da curiosidade de uma criança. Ao invés de falarmos de uma cegonha, poderiamos falar de uma semente plantada pelo pai na barriga da mãe, e essa explicação, por si só, geraria, com o tempo, mais curiosidade.

    Outra questão para ilustrar a nossa tese, uma pergunta que muitas crianças fazem aos seus pais e geralmente são refutadas da mesma maneira, é:

    -Mãe, por que o céu é azul?
    -Simplesmente porque não é rosa.

    Existem alguns pais sensatos para darem uma resposta adequada, mas, em muitos casos, esse tipo de resposta é comum, devido a falta de paciência dos pais, e banaliza a curiosidade infantil. Isso causa uma forte tendência à criança não questionar e vir a ser facilmente manipulada no futuro.

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  5. Pois é, Victor, os pais possuem uma grande parcela de resposabilidade na formação dos filhos, senão a maior de todas. O acompanhamento deficiente por parte deles pode resultar numa má-educação, tanto de modos como de "inteligência". Pode ser que certos jogos estimulem o exercício mental, mas a dose que diferencia o remédio do veneno. A presença familiar no desenvolvimento da criança e nas escolhas das atividades é essencial para sua formação e melhor posicionamento para olhar janela a fora.

    Gostamos da sugestão e questionamento sobre o grau de inteligência humana, já que destruimos nosso próprio habitát. A enorme veiculação sobre o Aquecimento Global e o surgimento costumeiro de problemas com o meio-ambiente exemplificam como o Homo-sapiens é a única raça que se distingue das outras: as demais, num instinto de sobrevivência, desistem das suas próprias vidas para que vinguem as suas crias, enquanto o Homem, empurrado pela ganância e a soberba, não tem projetos para o futuro de sua espécie.

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  6. Muito interessante a proposta do blog, com esse fundo socrático na dialética. Alertar é preciso, acho que mais janelas como essas precisam ser abertas. Parabéns ao Raul e os demais colaboradores do blog.

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  7. A idéia do blog é legal e dou o maior apoio.
    Serei com certeza um leitor constante.

    Sobre o texto, bem... Concordo em partes. A socrática, como disse existir Sir G., para mim não existe neste texto. Não estamos em uma dialética e sim em um debate de opiniões. Não há a quem questionar. Nem há questões, somente propostas e opiniões.

    Pagar conta realmente é algo que vai fugir do meu entendimento como algo realmente necessário. Mas divertir é, em parte, necessário para entrosamento e copular é a essência da procriação, sem ela você não teria nascido. Ficaria bem trocado como "coisas não primordiais" em lugar de "coisas fúteis".

    Minha opinião. ;)

    Agora tenho mais boas leituras para meu dia.
    Agradeço pelo texto.
    Até mais e sucesso.

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  8. A nossa proposta, como já foi dita nos comentários da postagem anterior, não é passar verdades absolutas, e sim, passarmos um ponto de vista para ser discutido. Podendo, assim, chegar as nossas próprias conclusões, encontrando uma melhor posição através dessa janela tão reservada.

    Quanto ao nosso ponto de vista sobre a cópula e a diversão, creio que não deixamos bem claro no texto, o que faz parte do aprendizado e do nosso aperfeiçoamento. O problema é que, enquanto temos conflitos no Oriente Médio, crianças morrendo de fome na África, não ligamos e damos mais importância a outras coisas que se comparadas a estes problemas são futilidades. É como diria um velho professor de geografia meu:

    -Vemos todas manhãs, nos jornais, casos de crianças morrendo de fome na África, mas mesmo assim todos continuamos tomando nosso café.

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  9. Sim, eu entendi a proposta do blog.

    Hum... Entendi. Bom, pra mim, a fome na África, o sexo e o jogo de futebol têm a mesma importância. A diferença é que acho que não despendemos de muito tempo para ajudar a solucionar a primeira questão da fome e despendemos mais tempo nas outras. Acho que é isso o que quer dizer... Rsrs!

    Bom, se é desse modo, passaremos a vida sem tomar café, a não ser que deixemos de ler jornal, pois a fome na África é apenas um dos problemas pelo qual teremos que dar mais atenção.

    Mas a importância de todos é igual pra mim.

    É, eu penso estranhamente... Rsrs!
    Ubuntu à vocês. ^^

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  10. a fome na África. Não entendo como ter a visão de igualdade do nosso amigos Rafael, claro que nos damos tempo a coisas fúteis da vida, pois "pra que da tempo a uma coisa que não nos diz respeito". Claro que eu não penso assim.
    Acho que a fome na África é um problema superior a nossas capacidades de ajuda, temos problemas locais que está a alcance de nossas mãos. Dá um quilo de alimento aquela criança seria um modo bom pra essas coisas .
    Sim, voltando a algo já discutido, as crianças não de 4,5,6 anos, mas de, creio eu, 10 anos ja entendem uma explicação melhor do que a sementinha, seria coisa a se aborda até a uma faixa etária que vem se diminuindo a cada dia.
    Creio também que aja outros meios mais massivos de alienação do que um vídeo game, creio que não exista pessoas que não sinta esse desejo, errado, mas desejo humano.
    Tudo isso realmente vem de berço e é de gerações antigas, pra se concerta essa modo de se pensa, teremos ( digo teremos porque é dever de cada um ) que atingi não só aos adolescentes e as metes já feitas ficam aonde ?
    São coisas complexas que simplesmente vem de raiz ...

    Gostei do texto, e espero ver debates tão rico como esse nos próximos textos =D

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  11. Se a fome na África é um problema superior à NOSSA capacidade de ajuda, é melhor fechar a conta e passar a régua. Acabaram-se as esperanças, fecha o blog. Rsrs!

    Eu não vejo nada como inferior, é simples. Rsrs! :D Tudo tem a mesma importância.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Também acredito que o problema da fome na África, não é superior a nossa capacidade, (e se fosse realmente "acabaram-se as esperanças" e simplesmente fechamos o blog).

    Até acredito que para nós tudo tenha a mesma importância, porém, para a grande maioria da sociedade estes assuntos são ignorados, e estar ai o problema.

    As coisas não são, e sim estão complexas. E dizer que os problemas vem de raiz nos remete a algo relacionado com a natureza humana. Acredito que estes problemas estão mais ligados à relação da sociedade com o homem, ela, como já dizia Rousseau, modifica o homem.

    Estes e outros problemas só serão resolvidos quando grande parte da sociedade se desalienar, o que será um processo longo e árduo.

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  14. ainda acho que é uma coisa superior a nossas ajudas, claro que as esperanças ainda existem, mas me diga 2 coisas que fizemos para ajuda-los. Entendam meu simples ponto de vista, a coisas que são de uma importância tremenda, mas nos somos simples para combater, digo não ter em mente um plano comoção, mas sim e lá e atua ?
    Nos em nossas respectivas cidades podemos resolver problemas menores se é que me entendem. Acho que projetos como esse blog levaram a consciência de muitos, porem temos que ir muito além para mudar efetivamente alguma coisa ...
    claro que é assim que começamos.

    espero que agora vocês consigam me entender !

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